O Vinho do Porto é uma das bebidas mais tradicionais e conhecidas de Portugal.
Esse vinho tem como característica o alto teor alcoólico e o sabor muito adocicado. Tanta tradição fez com que a região dos vinhedos do Rio Douro fosse considerada Patrimônio da Humanidade pela ONU. Mas você sabia que na verdade o Vinho do Porto, apesar do nome, não é feito no Porto? Se não sabia, então vem comigo que te explico tudinho nesse post.
Não se sabe exatamente quando surgiu o Vinho do Porto. A história que se conta é que, durante o século XVII, dois comerciantes ingleses encontraram alguns monges do mosteiro de Lamego (cidade a leste do Porto) bebendo um vinho local extremamente alcoólico e doce. Os comerciantes ficaram fascinados com aquela bebida, comprando grandes quantidades para enviar para a Inglaterra, vendendo tudo rapidamente.
Naquela época questões econômicas fizeram com que Colbert, ministro de estado e da Economia de Luís XIV, adotasse uma série de medidas visando restringir a importação de bens ingleses para território francês. O rei inglês Charles III, por sua vez, aumentou o imposto de importação sobre os produtos franceses, tornando impraticável a compra dos vinhos franceses e obrigando os comerciantes ingleses a buscarem outros mercados.
Assim como os dois comerciantes ingleses, outros buscaram aproveitar a oportunidade e começaram a vender o vinho português, cujo sabor havia atingido em cheio ao gosto do consumidor inglês. Para facilitar a produção e o transporte do vinho, os comerciantes ingleses se estabeleceram na cidade do Porto, e por isso existem tantas caves com nomes ingleses, tais como Sandeman, Taylor’s, Graham’s entre outras. O vinho produzido era trazido para a cidade, onde era embarcado e enviado para a Inglaterra, passando a ser reconhecido então como Vinho do Porto.
O Vinho do Porto tem duas características principais: possui teor alcoólico bem acima da média dos outros vinhos, além de ser extremamente doce. Para conseguir esse resultado, o método ainda é o mesmo utilizado pelos monges de Lamego: os produtores interrompem o processo de fermentação através da adição de aguardente de uva, mantendo a maior parte do açúcar das uvas e dando ao vinho o sabor que o consagrou no mundo todo.
A maioria das caves produz três tipos de vinho: ruby, tawny e branco, além das categorias especiais, que costumam variar de cave para cave.
RUBY – vinho tinto envelhecido em tonéis de madeira de carvalho. Seu envelhecimento é curto (entre dois e três anos) e apresenta coloração mais escura e sabores frutados, que remetem a frutas vermelhas.
TAWNY – vinho tinto que envelhece de dois a três anos em balseiros, depois é transportado para pipas de 550 litros. Esse processo permite um contato maior com a madeira e com o ar, aumentando a sua oxidação. Isso dá ao vinho uma coloração mais âmbar, aroma amadeirado e sabor de frutas secas. Quanto mais velho for um tawny, mais complexo fica seu sabor.
BRANCO – feito com uvas brancas selecionadas e envelhecidos em tonéis de madeira por dois ou três anos, podendo ser doce ( também conhecido como lágrima) ou mais seco.
O MARQUÊS DE POMBAL ENTRA EM CENA
No início do século XVIII, o Vinho do Porto era um sucesso, com sua produção – e exportação – alcançando um crescimento incrível. Tal sucesso atraiu o interesse de comerciantes e produtores mal intencionados que muitas vezes se valiam de processos fraudulentos para produzir um vinho de qualidade inferior e vendê-lo como um Porto autêntico. Assim, para corrigir esses problemas, em 1756 o Marquês de Pombal, na qualidade de Ministro de Estado de Portugal, ordenou o controle da produção do Vinho do Porto pelo governo português através da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, uma empresa estatal que detinha o monopólio da produção. Dessa forma o autêntico Vinho do Porto só podia ser produzido dentro da região vinhateira demarcada pelo Marquês, e seguindo rigorosas regras de produção e qualidade. Embora impopulares na época, as medidas criadas pelo Marquês foram as responsáveis pela preservação das características e renome do Vinho do Porto.
Fonte: https://www.viajenahistoria.com.br